Dia
Internacional da Mulher, a gente está sempre dizendo, não é dia de dar parabéns,
rosas, chocolates ou cartões de gosto duvidoso. O 8 de março é um dia de luta.
Porque por mais que as mulheres tenham conquistado tantas coisas, ainda falta
muito para termos uma sociedade igualitária (somos em menor número nos altos
cargos nas empresas e nos cargos públicos eletivos, divisão doméstica de
tarefas ainda é utopia na maioria dos lares) e segura para as mulheres (em média
15 mulheres são assassinadas por dia, geralmente por homens próximos a elas).
Então
eu queria aproveitar este dia para falar de mulheres que lutam por um mundo
mais justo para outras mulheres. Aí uma amiga me apresentou à ativista pelos
direitos civis, a norte-americana Maya Angelou, falecida em maio de 2014 aos 86
anos. Natural de St. Louis, Missouri, Maya foi estuprada pelo namorado da mãe
aos 8 anos de idade, passou 5 anos sem falar uma só palavra, e mais tarde
transformou a dor em luta e solidariedade, combatendo especialmente o racismo e
o machismo.
Foi
escritora, poeta, professora universitária, roteirista, dramaturga, atriz,
diretora, compositora, cantora e dançarina. Foi a primeira motorista de ônibus
negra de São Francisco e se tornou mãe solteira aos 17 anos, em uma época em
que isso era um grande tabu. Foi editora de revista no Cairo e assistente
administrativa em Gana. Envolveu-se na luta pela independência de alguns países
africanos. Trabalhou para Martin Luther King. Recitou um poema na posse do
ex-presidente dos EUA Bill Clinton em 1993. Foi amiga próxima da apresentadora
Oprah Winfrey e admirada pela família do presidente Obama (a irmã dele foi
batizada com o nome da poeta em sua homenagem). Sem dúvida, uma mulher
fenomenal, não é?
Mulher
Fenomenal é justamente o título de um lindo poema de Maya Angelou, talvez um
dos mais conhecidos. Nele a poeta desafia os inatingíveis padrões de beleza que
tentam nos impor e diz a respeito de si mesma: eu sou uma mulher fenomenal. Então
eu quero oferecer este poema (traduzido por mim, não reparem) a todas as
mulheres, para que todas nos olhemos no espelho e digamos: somos todas
fenomenais, e não vamos permitir que jamais nos digam o contrário!
Foto: Bob Richman © 2010 Harpo, Inc. |
Mulher Fenomenal
De Maya Angelou
Mulheres
bonitas se perguntam qual é o meu segredo.
Não
sou bonita nem tenho corpo de modelo
Mas
quando começo a lhes dizer
Elas
acham que estou mentindo.
Digo
que
Está
no alcance dos meus braços,
Na
largura dos meus quadris,
No
ritmo dos meus passos,
Na
curva dos meus lábios.
Sou
mulher
De
um jeito fenomenal.
Uma
mulher fenomenal,
É
o que eu sou.
Entro
na sala
Com
toda a calma e segurança,
E
me dirijo a um homem,
Os
rapazes se levantam ou
Se
ajoelham.
Eles
se aglomeram ao meu redor
Como
um enxame de abelhas.
Eu
digo,
É
o fogo dos meus olhos,
E
o brilho dos meus dentes,
O
balanço da minha cintura,
E
a alegria dos meus pés.
Sou
mulher
De
um jeito fenomenal.
Uma
mulher fenomenal
É
o que eu sou.
Os
próprios homens se perguntam
O
que veem em mim.
Eles
tentam tanto
Mas
não conseguem alcançar
Meu
mistério interior.
Quando
tento mostrar a eles,
Eles
dizem que não conseguem ver.
Eu
digo,
Está
na curva das minhas costas,
No
sol do meu sorriso,
No
percurso dos meus seios,
Na
graça do meu estilo.
Sou
mulher
De
um jeito fenomenal.
Uma
mulher fenomenal
É
o que eu sou.
Você
entende agora
Por
que eu não abaixo a cabeça
Não
grito, não me agito
Nem
preciso levantar a voz.
Quando
você me vir passando,
Eu
hei de te fazer sentir orgulho.
Eu
digo,
Está
no som dos meus saltos,
Na
curva de meus cabelos,
Na
palma da minha mão.
Na
necessidade de meu cuidar.
Porque
sou mulher
De
um jeito fenomenal.
Uma
mulher fenomenal,
É
o que eu sou.
Essa
mulher fenomenal também adorava cozinhar e comer, e publicou dois livros de
receitas, “Hallelujah!
The Welcome Table: A Lifetime of Memories with Recipes” e “Great Food, All Day
Long: Cook Splendidly, Eat Smart”.
Dela,
selecionei uma receita simples e aromática, daquelas de aquecer a alma.
Diferente do pudim de pão mais conhecido por aqui, nesta receita o pão não é
batido e se mantém em pedaços. Espero que gostem!
PUDIM DE
PÃO
Ligeiramente
adaptado do livro “Hallelujah! The Welcome
Table: A Lifetime of Memories with Recipes” de Maya
Angelou
Rendimento:
4 porções
Tempo
de preparo: 90 minutos
Nível
de dificuldade: fácil
2
pãezinhos (francês ou de sal) amanhecidos
Manteiga,
o quanto baste
½
xícara de passas sem semente
½
xícara de açúcar
2
ovos grandes, batidos
1
xícara de leite
1
colher de sobremesa de extrato de baunilha
½
colher de chá de canela em pó
Pré-aqueça
o forno. Unte 4 ramequins com manteiga e reserve.
Espalhe
manteiga em ambos os lados das fatias de pão, coloque-as em uma assadeira
forrada com papel alumínio e leve ao forno, até as fatias estarem tostadas de
ambos os lados.
Enquanto
isso, coloque as passas em uma tigela com água quente. Cubra, deixe por 20
minutos, escorra a água e reserve.
Bata
ligeiramente os ovos, adicione o leite, o açúcar, o extrato de baunilha e a canela em pó
e misture bem.
Quebre
o pão torrado em pedaços pequenos (mas sem esfarelar totalmente) e coloque-os em
uma tigela. Adicione as passas. Despeje a mistura de ovos sobre o pão e
misture.
Distribua
entre os ramequins untados, coloque-os sobre uma assadeira e cubra com papel
alumínio. Asse por 30 minutos.
Sirva
morno ou frio.
Meus
agradecimentos pelas ideias e revisões deste post e de modo
geral, pela amizade valiosa e pelas lições de feminismo a: Iara (que foi quem me apresentou a Maya Angelou), Karla, Vevê, Fabiana,
Ludmila, Tâmara e Ana Rüsche (poeta também e autora do livro que aparece na
foto). Um agradecimento especial a Carol Costa, do site Minhas Plantas. pelo incentivo e espaço. Vocês são fenomenais!
Para conhecer melhor a vida e obra de Maya Angelou, visite seu site: http://www.mayaangelou.com/
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